A escritora argentina Selva Almada mergulhou no tema feminicídio em sua incursão pela não-ficção e estará em uma das mesas mais concorridas da Flip, que tratará sobre a violência de gênero.
“Após fim de relacionamento abusivo, mulher luta para superar e seguir em frente” – Jornal Notícias do Dia
“Por que tantas mulheres continuam em relacionamentos abusivos?” – Revista Super Interessante
“Violência moral causa traumas em vítimas de relacionamentos abusivos” – Jornal O Globo
“60% das mulheres já sofreram em relacionamentos abusivos no país” – Revista Nova Cosmopolitan
Olha só quantas notícias são
divulgadas todos os dias sobre o sofrimento de tantas mulheres que não sabem o
que fazer para sair de um relacionamento abusivo, mulheres que se sentem
humilhadas, subjugadas, carentes, com medo de contar até para os próprios
familiares o que sofrem devido ao julgamento.
Estar neste lugar com certeza não
deve ser fácil, ninguém inicia um relacionamento para sofrer, pois se
relacionar é saber que pode contar com um cúmplice, um amante e um amigo.
Porém, nem sempre a história termina assim, muitas vezes a mulher encontra
naquele que deveria ser seu companheiro, um inimigo. Pensar nisso é vital para
a nossa sociedade, índices de depressão e ansiedade, compulsão alimentar, entre
outros transtornos de saúde, queixas de agressões até chegar ao feminicídio
crescem cada dia mais e afeta a todos os envolvidos, a própria mulher, os
filhos, a família... Todos perdem.
E você, já pensou o que faria se
estivesse em um relacionamento abusivo? Será que teria a coragem de contar para
alguém e buscar ajuda?
Em 15 de agosto, Laina Crisóstomo,
advogada feminista, ativista pelo direito das mulheres e presidenta do Tamo
Juntas, estará facilitando uma palestra com este tema no Encontro de Cirandas Parceiras,
na sede do Força Feminina, compareça e venha dialogar na
busca por soluções para as problemáticas que agridem a todos.
O Força Feminina, unidade Oblata em Salvador,
celebrou as aniversariantes de maio e junho com o tema Mulheres Guerreiras. As mulheres
puderam refletir sobre a força da mulher, suas conquistas, suas lutas, que são
diárias e muitas vezes, invisíveis, o sofrimento de uma mãe que não tem com
quem deixar o filho, as lutas das mulheres que não se intimidam em trabalhar em
postos de trabalho culturalmente vistos como masculinos... Mulheres guerreiras
são todas as mulheres, pois as lutas do cotidiano contra o patriarcado, contra
o machismo, contra as desigualdades sociais, contra os preconceitos são
imensas, e continuar refletindo sobre as vitorias já alcançadas ajuda a
fortalecer a caminhada na luta por equidade, por justiça social e por mais
respeito.
A arte sempre é uma boa forma de
fazer pensar... A reflexão do dia foi feita a partir das paródias de músicas
que enalteciam as qualidades e a força das mulheres.
O momento de descontração ficou
por conta de um karaokê, no qual as mulheres cantaram músicas de suas
preferências. Inicialmente, as mulheres ficaram tímidas, mas depois elas se
sentiram à vontade para participar. Os parabéns foram cantados às
aniversariantes participantes e o bolo foi partilhado.
Esse foi mais um dia... Alegrias,
lutas e vitórias andam juntas! Parabéns às aniversariantes e às mulheres
guerreiras!
O relacionamento abusivo caracteriza-se como uma forma de violência psicológica no qual, em sua grande maioria, há uma dificuldade da pessoa agredida reconhecer tal tipo de violência, em especial quando existe a “naturalização” da agressão. Para muitas pessoas, violência só é caracterizada quando há agressões físicas, desconsiderando outras formas de violência como a verbal e psicológica. Para além disso, é importante apontar que os relacionamentos abusivos não só podem ocorrer em âmbito conjugal, mas em todos os contextos como na escola (professor X aluno), nas organizações (empregador X empregado), na família( pais X filhos), ou (filhos X pais) e também com amizades.
Na maioria das vezes é difícil identificar uma situação
abusiva, pelos simples fato da mesma ocorrer de forma velada e sútil, sendo um
dos indicativos, por exemplo, a forma desconfortável como você se sente em
relação a tal pessoa ou a tal situação. A relação de poder e submissão são
caracterizadas quando há entre a vítima e o agressor grau de dependência
emocional, financeira ou social. A culpa é um dos sentimentos mais recorrentes
que podem ocorrer pelas vítimas de relacionamentos abusivos, pois quase sempre
o agressor costuma internalizar a culpa na vítima, desqualificando-a,
destruindo sua autoestima e aos poucos aniquilando o lado saudável da vida
psíquica da pessoa agredida. Este ciclo de violência pode amplificar crenças
sabotadoras na vítima, as quais podem dificultar ainda mais sua saída desta
relação. Para as vítimas de relacionamentos abusivos o mais importante é
identificar o abuso em si como violência. Reconhecer que a culpa não é da
vítima e que não há futuro naquela relação desta forma. Agressores têm
necessidades de poder e controle e podem em alguns momentos demonstrar pequenas
mudanças para que obtenham algum ganho futuro.
Busque uma rede de apoio: familiares e amigos são sempre
importantes neste momento, onde você precisará de amparo emocional. Procure uma
ajuda profissional: Acompanhamento psicológico pode ser de grande ajuda, visto
que pode auxiliar na identificação do problema, no restabelecimento da
autoestima e autonomia do indivíduo. E SEMPRE denuncie aos órgãos competentes
que orientarão quais medidas serão necessárias, com o fim de preservar sua
integridade.
Autor – Luciano Mesquita de Sousa – Psicólogo
Especialista em Psicologia Sistêmica e Clínica
O 2º Encontro
de Cirandas Parceiras teve como tema “Mediação no Contexto de Violência, é
Possível?”. A facilitadora da palestra, dra. Lúcia Carvalho,
educadora, juíza arbitral e mediadora de conflitos trouxe informações
importantes no que tange à violência, os envolvidos e as diversas formas de se
chegar à conciliação. Ela também propôs formas de se evitar a violência e os
momentos de conflito.
O
senso comum faz as pessoas pensarem que é impossível viver em paz,
principalmente quando todos os dias os jornais evidenciam isso, com manchetes
chocantes que exaltam a violência de todas as formas. Mas, pensar soluções de
evitar a violência se faz necessário a fim de mudar esse ponto de vista tão
viciado na sociedade.
Dra.
Lúcia pontuou como formas de se evitar ou resolver conflitos, mudanças
comportamentais como a mudança do tom de voz, a escuta atenta ao outro,
acolhendo o que ele expressa, sem críticas e sem comentários negativos, ter
empatia, sempre a fim de solucionar a problemática trazida pelo indivíduo, valorizando-o
em sua condição humana.
Os
participantes deste diálogo acharam importante as atitudes e os comportamentos
ensinados por dra. Lúcia, mas ressaltaram a dificuldade de colocá-las em
prática devido ao hábito de responder de forma nervosa à raiva e aos conflitos.
Os Encontros de
Cirandas Parceiras ocorrem justamente neste sentido, vem para
dialogar e para fazer luz sobre um tema a fim de desconstruir conceitos e
hábitos que não servem mais.
Eita animação boa!!! O Arraiá do Força
Feminina não deixou a desejar para ninguém!!! Foi barraca de selfie, foi
amendoim, foi alegria, animação, integração... e tudo de bom!
Ao chegar, as mulheres eram recepcionadas com
muita animação e direcionadas a tirar fotos com adereços juninos na barraca do
selfie. Todas adoraram.
O Arraiá do Força teve muita música e
brincadeiras, onde mulheres e equipe festejaram. Um cordel de São João foi
recitado pelos educadores, e em sequência, começaram as brincadeiras: acertar o
rabo no burro, dança da laranja. Houve também a grande roda, com as danças da
quadrilha.
Festejar o São João, em especial no nordeste,
é uma forma de revisitar o passado, pois essa é uma das festas mais queridas do
povo nordestino, as casas são preparadas, quadrilhas ensaiadas e roupas são
decoradas para se comemorar a festa do milho, da laranja, do amendoim. É nesse
momento que a roça está em festa e o coração cheio de gratidão, pois a oração
feita em 19 de março, a São José foi atendida e o São João está sendo farto.
Que São José nos atenda sempre e os meses de junho
possam ser sempre de festa e gratidão!
Em um momento de lazer e descontração, as mulheres atendidas pelo Força Feminina,
unidade Oblata em Salvador, juntamente com seus filhos e a equipe do
projeto curtiram uma programação diferenciada em um hotel fazenda, nas
imediações de Salvador.
O dia foi muito proveitoso, houve uma integração entre todos, mulheres,
filhos, equipe, incluindo a colaboração dos funcionários do hotel. A animação
começou desde a saída de Salvador, com uma dinâmica no ônibus, na qual, todas
terminaram cantando músicas de suas preferências.
Ao chegar, a recepção foi bastante calorosa, um café da manhã esperava
pelos presentes, logo em seguida, houve uma acolhida e uma oração inicial por
parte da equipe do Força Feminina a fim de relembrar acordos de
convivência e desejar felicitações às mulheres, especialmente às mães em
decorrência do Dia das Mães.
O roteiro de atividades proposto pelo
hotel possibilitou integração e lazer diferenciados, com a ordenha das vacas,
passeio de charrete, montaria de cavalo e pôney para as crianças, além de
diversões ao redor da piscina. As refeições também foram um momento de
confraternização à parte.
A natureza foi pano de fundo para as
diversas fotos que foram tiradas, todas fizeram questão de registrar os
momentos deste dia.
Gina Vieira Ponte: A professora que enaltece a força das mulheres em sala de aula
"Falar dos direitos das meninas e das mulheres é uma questão da humanidade, porque todo mundo perde como sociedade quando não somos valorizadas."
TATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASILGina Ponte é a 103ª entrevistada do projeto "Todo Dia Delas", que celebra 365 Mulheres no HuffPost Brasil.
No meio de livros de grandes mulheres, ela conta a sua própria história com lágrimas nos olhos. A menina negra que sonhava em ler, que sempre soube que seu lugar era na escola, agora ensina outras meninas a irem além. Depois de passar por um processo de desilusão com a própria profissão, a professora brasiliense Gina Viera Ponte, 46 anos, decidiu tomar as rédeas da sala de aula e criar métodos para atingir seus alunos adolescentes. Fez o premiado projeto Mulheres Inspiradoras que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura mundial e brasileira e instiga as crianças a contarem a própria história.
Como os livros fazem parte da sua vida, não há como não iniciar esta história de outra forma. "Era um vez"... Uma menina que acreditava que a escola era um lugar mágico. A mãe dela não teve a oportunidade de estudar e ganhou uma enxada de presente de aniversário com cinco anos de idade, o pai carregava um sentimento de tristeza profundo por não ter aprendido a ler. Quando eles se juntaram na Brasília dos sonhos de Juscelino Kubistchek, tiveram oito filhos e um grande objetivo na vida: que todos estudassem.
Os dois tinham uma narrativa muito potente sobre a escola como algo que me daria super poderes! Era algo como 'no dia que você estudar, você vence o mundo'. Então eu queria aprender a ler e a escrever pra ver o que era aquilo que meu pai falava.
TATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASILO racismo se apresentou para Gina em forma de chacota e xingamentos.
A realidade quando ela chegou na escola, no entanto, foi outra. O racismo se apresentou para Gina em forma de chacota e xingamentos. "Além de ser negra, a nossa situação era precária, meu pai era vendedor ambulante e minha mãe resolveu ficar em casa pra cuidar dos filhos, plantávamos o que comíamos e só usávamos roupas usadas. Como estratégia de sobrevivência, eu resolvi me tornar uma criança invisível", conta.
Ela tinha dificuldades para aprender a ler e ninguém notou. Enganava as professoras decorando e repetindo a fala dos amigos. Até que um dia uma professora mudou o curso das coisas. "Apesar dos meus esforços pra ser invisível, ela me descobriu. Quando eu cheguei na carteira dela, pronta pra levar uma bronca, ela me colocou no colo", conta Gina com a voz embargada. "E isso para uma criança preta na escola é tão raro. Foi uma coisa muito potente pra mim, pensei 'ela não tem nojo de mim'. Ali, no colo dela, me senti passível de ser amada".
Ali, no colo dela, me senti inteligente e capaz de aprender, ela me deu um sonho. Ali, no colo dela, eu disse sim pra mim mesma.
ATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASILComo os livros fazem parte da sua vida, não há como contar sua história sem citá-los.
Ela se formou no magistério e se tornou professora do ensino infantil na rede pública do DF. Quando finalmente foi ensinar para adolescentes conheceu o caos. "Foi difícil, era menino pendurado na janela, uma gritaria. E como eu não acredito na educação pela ameaça, fiquei falando sozinha. Eu entrei na mesma sala onde 11 anos antes eu tinha sido aluna e fui tomada por uma sensação de fracasso, cheguei a entrar em um processo de depressão. A minha primeira reação foi pensar em desistir, aquilo não era pra mim, eu tinha sonhado errado. Mas, felizmente, eu continuo conversando com aquela menina que eu fui", aponta.
Gina foi atrás de respostas. Não podia ser só "fiquem quietos e estudem". "Todo mundo fala que os jovens viram as costas para a escola, mas é a escola que vira as costas pra eles. A gente tem uma educação pra obediência e subordinação e não para a construção do pensamento crítico ou para a criança aprender a se relacionar."
A mudança na sala de aula não estava na teoria, quem me daria o caminho seriam meus alunos.
ATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL"Fui estudar, pesquisar e descobri que as mulheres são educadas para que o seu único valor seja ser desejada por um homem."
Quando sequer tinha computador ainda, entrou no Orkut para tentar entender o que os alunos acessavam, passou a ver a velocidade com que as crianças recebiam as informações e que elas estavam para além dos livros. Já na era do Facebook, ela se deparou com um vídeo de uma aluna dançando de uma forma depreciativa uma música machista. Aquele incômodo a fez questionar o por quê das meninas se exporem daquele jeito. "Fui estudar, pesquisar e descobri que as mulheres são educadas para que o seu único valor seja ser desejada por um homem. Começa com as princesas que tem a sua vida salva por um príncipe, com alguém que sofre, que rivaliza com outra mulher pra ter atenção do homem, imagine esse discurso sendo passado pra gente desde que a gente nasce? Ou então achar que ela nasceu pra ser mãe e que precisa cuidar de todo mundo, menos dela mesma?"
Falar sobre feminismo em sala de aula apenas com discurso não funcionaria, então, Gina criou uma estratégia. "Busquei me ressignificar como professora e buscar uma porta pro diálogo, com debate, colocando o aluno no centro". Ela criou o projeto Mulheres Inspiradoras com seus alunos do nono ano da Ceilândia, periferia do DF, em 2014. Eles deveriam estudar a biografia de dez mulheres da literatura e apresentar, da forma que quisessem, pro resto da escola.
A primeira questão do projeto é a valorização da mulher, mas ele é maior do que isso, porque ela fala sobre contestar o modelo tradicional da escola e dar voz aos silenciados.
TATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASILDepois de escutar tantas histórias, os alunos começaram a postar fotos com a frase "nós dizemos não a qualquer forma de violência contra mulher"
Além disso, os alunos precisavam ir atrás de mulheres inspiradoras da vida deles. Então, eles foram atrás de mães, avós, tios, vizinhos, de histórias de família guardadas. "Foi muito transformador também dizer pra essas mulheres: olha, você é importante. Acabou acontecendo uma ressignificação das próprias vivências delas", aponta Gina.
A professora leu mais de 150 entrevistas com duros casos de abandono, de violência, de cuidado total apenas à família, de abdicar de vontades próprias, de mulheres que casaram cedo ou sofreram abusos, mas especialmente de superação. Histórias tão preciosas que acabaram se transformando em um livro.
Falar dos direitos das meninas e das mulheres é uma questão da humanidade, porque todo mundo perde como sociedade quando não somos valorizadas.
TATIANA REIS/ESPECIAL PARA O HUFFPOST BRASIL"Falar dos direitos das meninas e das mulheres é uma questão da humanidade."
O projeto se estendeu e foi parar nas redes sociais. Depois de escutar tantas histórias, os alunos começaram a postar fotos com a frase "nós dizemos não a qualquer forma de violência contra mulher" e a compartilhar experiências. A ideia acabou ganhando doze prêmios nacionais e internacionais. No ano passado, com apoio da Organização de Estados Ibero-americanos, Gina passou a fazer um programa piloto para que os Mulheres Inspiradoras fosse inserido como política pública em todas as escolas da rede pública do DF. Além de estar fazendo um mestrado, ela também está tentando inserir a ideia dentro de seis escolas que funcionam no sistema prisional.