segunda-feira, 23 de setembro de 2019

23 de setembro - Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças




No mundo, estima-se que existam 2,4 milhões de pessoas que são forçadas a realizar trabalhos forçados de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na maioria dos casos, 80% são mulheres ou meninas.
Ainda de acordo com a entidade, lucros ilícitos totais de trabalho forçado são estimados em cerca de 32 bilhões de dólares por ano, dos quais 76% vem da exploração sexual, classificado como o terceiro negócio mais lucrativo em todo o mundo depois do tráfico de drogas e de armas vendas.
Entendendo a importância de denuncia e combater este tipo de crime, o dia 23 de setembro é lembrado como o Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças.








FONTE: BRASIL DE FATO

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Força Feminina no Grito dos Excluídos 2019


VIDA EM PRIMEIRO LUGAR

"Este sistema não vale: LUTAMOS POR JUSTIÇA, DIREITOS E LIBERDADE"





UM GRITO DIFERENTE 

Um grito contra o furacão de arrogância e do autoritarismo,
Metralhadora verbal que, em todos os momentos e direções,
Cospe fogo e bala sobre qualquer crítico e opositor de bom senso;
Tidos todos como inimigos, comunistas, perigosos, baderneiros...
 
Um grito contra a guerra às instâncias e instituições democráticas,
Guerra que espalha confusão e intriga entre os poderes e competências,
Semeando insultos, ataques e ofensas entre os diferentes órgãos,
Desqualificando visões, pensamento e valores contrários...
 
Um grito contra a institucionalização da mentira histórica,
Que desenterra tiranos e rebeldes, torturadores e vítimas,
No sentido de exaltar a ditadura como o melhor dos regimes,
Desdizendo os fatos há muito consolidados pela historiografia...
 
Um grito contra a falta de políticas públicas de bem comum,
Que possam defender os direitos básicos e a dignidade humana
Dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos migrantes
E de todas as pessoas e grupos cuja vida se encontra mais ameaçada...
 
Um grito contra o patrimonialismo, o nacionalismo e o nepotismo:
Um porque mistura, confunde e baralha o campo público e privado;
Outro porque se nutre de bravatas, agressões e retórica populista;
E outro ainda porque privilegia o clã familiar em detrimento da nação....
 
Um grito contra a cultura da violência que libera o uso e abuso das armas,
Divide o campo de batalha em “bons” e “maus”, os “nossos” e “eles”,
Governa de arma em punho, apontada para os que estão do lado de fora,
Vendo fantasmas em cada esquina, em cada mensageiro, em cada sombra...
 
Um grito contra o desmonte de políticas dura e longamente construídas:
Em favor da preservação do meio ambiente e da biodiversidade,
Em favor dos povos e riquezas, da fauna e flora da região amazônica,
Em favor da pesquisa científica e da educação para o diálogo...
 
Um grito contra a cultura do confronto, da vingança e da morte;
Que após se espalhar pelo país tem ultrapassado suas fronteiras,
Jogando cizânia em meio ao trigo das boas maneiras diplomáticas,
Isolando o Brasil e provocando retaliações nas relações econômicas...
 
Um grito contra um sistema que não vale, pois exclui, descarta e mata;
Em favor da mobilização e da luta por justiça, direitos e liberdade;
Pela reconstrução de um projeto em vista do “Brasil que queremos”
Pelo resgate da democracia na esfera local, nacional e global...
 
Um grito pela vida, vida para todos, vida em primeiro lugar!...

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs – Rio de Janeiro, 6 de setembro de 2019





quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A cada quatro horas uma menina com menos de 13 anos é estuprada no Brasil

Dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que mostram que assassinatos no Brasil caíram 11%, enquanto mortes nas mãos da polícia aumentaram 19%, cujas vítimas são homens (99%), negros (75%) e jovens (78%)



O adolescente Marcus Vinícius da Silva, de 14 anos, e sete pessoas mais morreram por disparos durante uma operação policial no Complexo da Maré, no Rio, numa quarta-feira de junho do ano passado. O garoto ia para a escola quando foi atingido por um tiro estômago. A fria estatística indica que naquele dia 17 brasileiros foram mortos por tiros da polícia. Eles representam um inquietante fenômeno que está crescendo no Brasil. As mortes em ações policiais aumentaram 19% no ano passado, embora os assassinatos em geral tenham caído 11%, segundo o detalhado Anuário de Segurança Pública 2019 elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apresentado nesta terça-feira em São Paulo. Os especialistas (acadêmicos, policiais, juízes, procuradores) que elaboraram o relatório de 200 páginas ressaltaram que não existe relação de causa e efeito entre os dois índices.
Uma análise dos dados por Estado mostra, segundo a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, que “não existe uma correlação direta em que uma coisa se explica pela outra. Os crimes não diminuem mais onde há mais mortes nas mãos da polícia”.
A mãe do adolescente Marcus Vinicius da Silva, morto após ser baleado na Maré.
A mãe do adolescente Marcus Vinicius da Silva, morto após ser baleado na Maré.FERNANDO SOUSA
As mortes em confrontos com as forças de segurança aumentaram em relação ao ano anterior. Em 2018, houve 17 mortes diárias, em comparação com as 14 por dia em 2017, quando também ocorreu um aumento significativo.
As tréguas entre facções criminosas são um dos fatores, mas não o único, como insistem os especialistas, que explicam o fato de as mortes violentas terem caído depois de atingir o número recorde de 64.000 em 2017. O Brasil, com 210 milhões de habitantes, é quase duas vezes maior que a União Europeia, e é o país do mundo com mais mortes intencionais.
Este anuário é uma detalhada radiografia da violência durante o ano que antecedeu a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, impulsionado, entre outros fatores, por um discurso de linha dura contra os criminosos, que convenceu milhões de brasileiros preocupados com a criminalidade. Diante de um Governo que pretende flexibilizar a compra e posse de armas, assim como as circunstâncias nas quais os policiais que matam suspeitos são isentados de culpa, os especialistas do Fórum criticaram as duas iniciativas, considerando-as ineficazes para combater a violência.
A comparação com países vizinhos indica que a polícia brasileira está entre as mais letais da América Latina. Bueno detalhou que, embora a dinâmica da violência no Brasil seja semelhante à da Colômbia, lá as vítimas das forças policiais representam 1,5% dos homicídios em geral, sete vezes menos do que no Brasil. A porcentagem brasileira é equivalente à de El Salvador, de quase 11%. Ambos estão muito abaixo da Venezuela, onde as mortes em ações policiais representam arrepiantes 25% dos homicídios, em um país que o anuário destaca que não é democrático.
As vítimas da polícia brasileira são homens (99%), negros (75%), jovens (78%). Um dos especialistas do Fórum apontou o racismo estrutural que existe no Brasil entre os fatores que explicam o fato de que muito mais negros do que seus compatriotas brancos são mortos por tiros da polícia.

Educação sobre igualdade de gênero

O anuário inclui dados estarrecedores, como o de que uma menina com menos de 13 anos é estuprada a cada quatro horas. A violência sexual atinge principalmente os mais vulneráveis, agredidos geralmente em suas casas − por seus pais, padrastos, tios, vizinhos ou primos. Por isso, o fórum destacou a importância de que as escolas eduquem sobre igualdade de gênero e violência sexual. As menores de 13 anos representam mais da metade (54%) das vítimas dos 66.000 estupros registrados, um dramático recorde no Brasil. As vítimas do sexo masculino são ainda mais jovens, a maioria tinha menos de sete anos. Tanto as vítimas de estupro como de feminicídio aumentaram 4%, com mais de 1.200 mulheres assassinadas principalmente por seus companheiros ou ex-companheiros em um país onde há uma denúncia por violência doméstica a cada dois minutos. O anuário inclui também dados animadores, como o de que os crimes contra o patrimônio caíram 14%.
FONTE: EL PAÍS

terça-feira, 3 de setembro de 2019

recuperar nossos corpos

Texto original de Andrea Franulic . Tradução: fêmea brava.


Ter um corpo sexuado não é um fato biológico. Ou, melhor dizendo, não se pode separar a biologia da semiologia, na espécie humana. Isso significa dizer que o corpo não é um embrulho, como se fôssemos uma comida quentinha, confortável para o estômago. Isso significa dizer que “somos” um corpo: com o corpo falamos, damos sentido ao mundo, nos relacionamos, damos sentido à realidade, criamos cultura, ordem simbólica etc. E este corpo é sexuado. A cultura do Homem, ainda em vigor, nega o corpo sexuado da mulher, e faz isso de muitas maneiras diferentes: o despedaça, se apropria dele, o absorve, o silencia, o distorce, o desloca… e também o viola, o mata, o desmembra, o submete à prostituição, o apaga, o coisifica. E mais, uma importante e inteligente operação que esta cultura realiza para negar o corpo sexuado da mulher é defini-lo como gênero feminino; e é aí que o barulho das correntes nos confunde e ensurdece.
Apesar disto, e esta é a boa notícia, muitas mulheres têm significado livremente nossa diferença sexual várias vezes na história, quebrando as convenções, saindo do sistema, recusando-se a casar e dar à luz, rejeitando o regime político da heterossexualidade compulsória, burlando as religiões, rindo das bandeiras, cuidando de animais e outras espécies, amando outras mulheres, respeitando meninas e meninos, relacionando-se sem a lógica da guerra, desprezando a política e o conhecimento de quem detém o poder, não desejando poder, cuspindo em Hegel.
A criatividade do feminismo surge quando nós, mulheres, recuperamos nossos corpos.
É que ter um clitóris, cuja única finalidade é o prazer, nos faz pensar em outro modelo sexual, não fundamentado na reprodução, ou na relação sexual, ou na penetração e nas suas consequências terríveis — como o papel consagrado da família, entre outras. Eu nomeio o clitóris para dar apenas um exemplo da potência transformadora do nosso corpo sexuado, e lembrem-se, amigas, que a criatividade do feminismo surge quando nós, mulheres, recuperamos nossos corpos.
Fonte: QG Feminista - Medium