“Temos questionado a invisibilidade
seletiva, sobretudo das negras, indígenas, lésbicas e mulheres transexuais, mas
também de nossas reivindicações sociais e políticas e de nossa
pluralidade”, diz a carta entregue a Berzoini
A Rede Mulher e Mídia esteve hoje (26) em reunião com o ministro das
Comunicações, Ricardo Berzoíni, defendendo um marco regulatório para o setor de
comunicação brasileiro. Segundo a militante Bia Barbosa, que esteve no
encontro, a conversa foi positiva, pois o ministro mostrou disposição de abrir
um debate público com a sociedade sobre o assunto.
O movimento defende que, na atual conjuntora, o espaço público das
rádios e das televisões tem sido usado fundamentalmente para atender a
interesses privados, “muitas vezes estritamente comerciais”, segundo carta
entregue ao ministro pelas ativistas. Elas ressaltam que os meios rádio e TV
são concessões públicas e portanto devem servir ao interesse da sociedade.
“Temos questionado a invisibilidade seletiva, sobretudo das negras,
indígenas, lésbicas e mulheres transexuais, mas também de nossas reivindicações
sociais e políticas e de nossa pluralidade”, disse a carta.
O documento diz que o efeito mais danoso da falta de uma regulamentação
da mídia tem sido reforçar os estereótipos e preconceitos e uma das demandas é
que isso seja impedido por novas regras. “A luta das mulheres também é uma luta
por um marco regulatório dessas comunicações para garantir que a mídia respeite
a imagem da mulher na mídia, para garantir que as mulheres possam ter espaço
para exercer o direito à comunicação na esfera pública midiática”, disse Bia,
que representa o movimento Intervozes dentro da Rede Mulheres e Mídia.
A militante explicou que, em alguns países, a regulamentação da mídia
pode significar censura, porém, se o debate for bem articulado, isso não vai
acontecer no Brasil. “Esse debate, se for feito de forma democrática, não há
risco para a gente conseguir avançar na construção de um novo marco que vá de
forma alguma cercear a liberdade de imprensa e de expressão”, disse Bia,
acrescentando que as normas irão fortalecer o exercício da liberdade de
expressão da população. “Hoje quem exerce essa liberdade de expressão são os
donos dos grandes grupos de comunicação”.
*Colaborou Mara
Régia, das Rádios EBC