sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ângela Davis em Salvador - Reitoria da UFBA

Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”

Filósofa norte-americana exortou que o feminismo negro defenda punições alternativas à prisão. Professora defendeu que movimento no Brasil, incluindo o das domésticas, seja referência para EUA.



As pessoas me perguntam: 'Você já esteve no Rio?' Não. 'Você já esteve em São Paulo?' Não. Mas estive em Salvador e de novo e de novo", derreteu-se Ângela Davis rendendo de vez o auditório da Universidade Federal da Bahia (UFBA) nesta terça-feira. As pessoas que lotavam as cadeiras e as galerias, muitas reluzindo vastas cabeleiras afro em jogo com a de Davis - do graúna das fotos históricas, agora seu fios estão agora quase brancos -, ouviram a filósofa e ícone da luta pelos direitos civis dos EUA conclamar contra os que considera algozes, do Governo Trump ao sistema carcerário mundial "depositário dos humanos considerados lixo": "Com a força e o poder das mulheres negras desta região, nós resistiremos".
Davis comemorou que sua sexta visita ao Brasil desde os anos 90, a quarta apenas em Salvador, uma das cidades mais negras do Brasil, coincidisse com o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, 25 de julho. Em seu discurso de quase uma hora, a professora emérita do departamento de estudos feministas da Universidade da Califórnia criticou o encarceramento como meio de combater a violência de gênero: "Quão transformador é enviar alguém que cometeu violência contra uma mulher para uma instituição que produz e reproduz a violência? As pessoas saem ainda mais violentas da prisão. Adotar o encarceramento para solucionar problemas como a violência doméstica reproduz a violência que tentamos erradicar", afirmou na mesa de conferências imponente formada por mulheres negras.
A ativista argumentou que é preciso relacionar a violência de gênero a "violências institucionais" para buscar outras maneiras de combater o sexismo: "Não são as pessoas individualmente que decidem que a violência é a resposta; são as instituições ao nosso redor que estão saturadas de violência. Se o Estado usa a violência policial para solucionar problemas, há a mensagem de que a violência também pode ser usada para resolver problemas em outras esferas como os relacionamentos. Não podemos excluir a violência de gênero de outras violências institucionais", pontuou a filósofa.
Presa em 1970 acusada de conspiração e homicídio após envolvimento com o movimento dos Panteras Negras nos EUA e pesquisadora sobre o sistema carcerário, a ativista estabeleceu as relações entre o sistema escravista e o sistema prisional. "No passado houve quem defendesse a manutenção da escravidão de forma 'mais humanizada'. Esse argumento não nos faz sentido, mas há os que defendem a reforma do sistema carcerário hoje. A escravidão e o cárcere são instituições de repressão estruturadas no racismo. Abolir o sistema carcerário nos faz pensar a sociedade em que esse sistema de punição emerge e buscar novas formas de justiça", defendeu.
Davis lembrou a trajetória de mulheres negras brasileiras e enfatizou a sua importância na construção de novas lideranças e de novos formatos de liderança. Questionou seu lugar como difusora privilegiada das ideias do feminismo negro por ser norte-americana. "As mulheres dos EUA têm muito a aprender com a longa história de luta do feminismo negro no Brasil." "Mãe Stela de Oxossi me falou sobre a importância das mulheres negras na preservação das tradições do candomblé. Vi a importância de Dona Dalva para manter a tradição do samba de roda no Recôncavo Baiano", contou. Ela também elogiou o movimento organizado bem sucedido das trabalhadoras domésticas negras. "Nos EUA não conseguimos estruturar essa categoria com sucesso. A liderança dessas mulheres não se estrutura naquele individualismo carismático masculino que vimos no passado. É um tipo de liderança que enfatiza o coletivo e as comunidades onde vivem", afirmou ela.
A professora fez questão de mencionar Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, um diário de uma moradora de favela em São Paulo dos anos 60, para dizer que a escritora “nos lembrou que a fome deveria nos fazer refletir sobre as crianças e o futuro”. Também disse que a antropóloga e ativista baiana Lélia Gonzalez foi pioneira nas conexões entre raça, classe e gênero quando pouco se falava nisso. "Ela já falava sobre os elos entre negros e indígenas na luta por direitos. Essa é uma das lições que os EUA podem aprender com o feminismo negro daqui.''
Davis foi ovacionada ao dizer que considera o movimento das mulheres negras o mais importante do Brasil hoje "na busca por liberdade". Antes de Salvador, num encontro internacional sobre feminismo negro e decolonial em Cachoeira, ela já havia defendido o poder de transformação da mobilização: "Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela, porque tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras, muda-se a base do capitalismo".
A conferência na UFBA foi encerrada com a insistência de Davis na necessidade de novas abordagens feministas sobre o sistema carcerário. "Não reivindicamos ser incluídas em uma sociedade profundamente racista e misógina, que prioriza o lucro em detrimento das pessoas. Reivindicar a reforma do sistema policial e carcerário é manter o racismo que estruturou a escravidão. Adotar o encarceramento como estratégia é nos abster de pensar outras formas de responsabilização. Por isso, hoje faço uma chamada feminista negra para abolirmos o encarceramento como forma dominante de punição e pensarmos novas formas de justiça."
FONTE: EL PAÍS

Cirandas Parceiras “Violência Obstétrica - Rita Calfa, gestora do Tsylla Balbino”

Em 19 de julho foi realizado o terceiro encontro de “Cirandas Parceiras” deste ano, evento que visa sensibilizar a sociedade civil quanto aos direitos das mulheres. O tema desta edição foi Violência Obstétrica apresentado pela enfermeira, professora universitária e gestora da Maternidade Tsylla Balbino, Rita Calfa.


A apresentação de Rita Calfa ofereceu a todxs presentes suas explicações claras, deixando à vontade com o seu jeito simples de trazer à tona, informações importantes sobre a saúde física, emocional e psicológica da mulher em um dos momentos mais sonhados e idealizados pelas mesmas – o momento do parto.

Ela comunicou as melhorias realizadas durante os últimos seis anos no qual ela se encontra como gestora da maternidade. Na formação também foram citados exemplos de violências sofridas no momento do parto e foi explicado que, com a legalização, muitas práticas antigas tiveram a necessidade de deixar de ocorrer, em sua totalidade ou diminuindo-se drasticamente, a fim proporcionar uma maior qualidade no atendimento da mulher visando a sua saúde integral.



Segundo Rita Calfa, atualmente, o parto está mais humanizado, a equipe que acompanha as mulheres é mais sensível a elas e a esse momento, a “Tsylla Balbino” foi uma das primeiras maternidades a permitir a presença de um acompanhante no momento do parto e essa presença, é fundamental, pois inibe a violência contra a mulher.




A palestra aconteceu em um clima de aprendizagem significativa, na medida em que houve a identificação dxs  presentes com as situações trazidas pela facilitadora.


Agradecimentos fraterno à  Rita Calfa!

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Todos os meses do ano... 25 de julho!

Mas, em julho pudemos dar mais visibilidade às mulheres negras e suas lutas, resistência, enfretamento a violência e a ressignificação constante diante de uma sociedade racista, machista, sexista e intolerante.

Em Salvador, ocorreram diversos eventos e o Projeto Força Feminina não poderia estar de fora contemplando a grandiosidade de temáticas que serviram de formação profissional e pessoal.

Esses eventos ocorreram em alusão aos 25 de julho consagrado a todas as mulheres negras da América Latina, Caribe e do Brasil. Data que tem um marco histórico de resistência política contra a opressão do racismo, do sexismo e de outras formas de dominação política-cultural e social imposta às populações negras.

#Diálogo Contemporâneo - Sheila Walker (“Pensar nos triunfos apesar dos problemas” )



#Diálogos sobre a violência contra a Mulher (Cê vai se arrepender de levantar a mão para mim).



#Marcha das Mulheres




#IIº Ciclo Internacional Mulher Negra e Ancestralidade – UNEB (Grupo de Estudos - CANDACES)





#conferência de Ângela Davis 




quarta-feira, 19 de julho de 2017

Descomplica o feminismo

Mulher, negra, trans: a vida real é uma somatória de opressões

Sarah Mund explica a teoria da interseccionalidade, que diz que as formas de exclusão não podem ser analisadas individualmente


Quando se olha de fora é fácil assumir que uma pessoa enfrenta preconceitos por variados motivos e experimenta as diferentes opressões como se elas simplesmente fossem acrescentadas uma a uma. Mas como inúmeras mulheres incríveis já compartilharam com a gente aqui na AzMina mesmo, em nossa atual sociedade ser uma mulher negra ou uma transexual cadeirante, para dar alguns exemplos, é muito mais complexo do que ser “só” mulher, “só” negra, “só” transexual ou “só” cadeirante. E existe um nome para isso: interseccionalidade.


O termo foi cunhado em 1989 pela advogada e ativista americana Kimberlé Crenshaw (mulher porreta envolvida com os movimentos Black Lives Matter [vidas negras importam] e #SayHerName [diga o nome dela] nos EUA e que tive o privilégio de ouvir em duas palestras na faculdade onde curso mestrado). Ela deu nome a um sentimento que muitos tinham, mas não sabiam como expressar, e que já tinha sido abordado por outros acadêmicos.
Segundo a teoria interseccional, diferentes formas de exclusão não atuam de forma independente, mas estão relacionadas e não podem ser examinadas individualmente
Foi por se encontrar em uma verdadeira sinuca que ela chegou a esse nome. Um caso em que estava trabalhando envolvia duas mulheres negras que estavam processando a empresa onde trabalharam por lhe negarem a oportunidade de serem promovidas; a empresa alegou que não praticava preconceito algum, já que entre os funcionários que cresceram dentro da corporação estavam tanto mulheres quanto negros. Mesmo que nenhuma mulher negra tenha tido a mesma oportunidade, o juiz estava tendo dificuldades em discordar da defesa, já que de fato a empresa não podia ser apontada por desfavorecer seus funcionários com base no sexo ou na etnia.
Foi assim que ela percebeu que precisava encontrar uma forma de descrever a opressão sofrida por mulheres negras, que embora tivesse semelhanças com o que passavam tanto mulheres quanto negros tinha, suas próprias particularidades
A primeira coisa que ela quis mostrar foi que essas mulheres eram invisíveis em pesquisas, já que a na grande maioria das vezes a categoria mulher se aplica às brancas e a categoria negro se aplica aos homens, de uma forma ou de outra elas acabavam ficando de fora dos resultados.

Para demonstrar isso de forma didática ela pensou em intersecções de estradas, quando uma rodovia se encontra com outra e aquele ponto de encontro é tanto parte de uma via quanto de outra, mas diferente de cada uma por si só. Embora o objetivo inicial de Crenshaw tenha sido encontrar uma maneira de melhor representar suas clientes na justiça ao descrever a realidade das mulheres negras, o termo, com sua simplicidade, engloba inúmeras possibilidades e se aplica às mais variadas formas de opressão que as pessoas podem enfrentar.

Como eu já falei antes aqui nesse espaço, a importância de darmos nomes às coisas é sem tamanho, pois só assim podemos de fato alcançar alguma mudança. Pode parecer extremamente otimista, mas o fato de darmos um nome permite que essas pessoas e suas realidades deixem de ser invisíveis e ganham representatividade.
E por falar em representatividade, vale a pena da próxima vez falarmos sobre a importância da representatividade, que vai muito além de incluir um punhado de atores de etnias diferentes em um filme ou novela para dizer que o elenco é diversificado. Ficou com alguma dúvida? Quer saber sobre algo específico? É só mandar a pergunta que a gente responde!


Fonte: http://azmina.com.br/2017/07/mulher-negra-trans-a-vida-real-e-uma-somatoria-de-opressoes/

#éhoje!!!!


sexta-feira, 14 de julho de 2017

#enfrentamentoaviolênciacontramulher



"É como se fosse eu que estivesse na prisão", diz mulher que registrou 15 BOs contra o ex...

A violência já tinha extrapolado o ambiente doméstico e começava a atingir a professora Taise Campos, 39, também fora de casa...

Crise afeta prostituição em todo país


As meninas da Vila Mimosa, zona de prostituição do Rio de Janeiro, enfrentam uma realidade ainda pior: sua clientela foi embora da cidade. Com isso, elas precisam buscar trabalho em outros lugares.
Em tempos de crise, até o trabalho mais antigo do mundo precisa se reinventar. Prostitutas de luxo do Rio de Janeiro e de São Paulo estão tendo que lidar com a escassez de clientes dispostos a pagar valores mais altos pelos serviços. Nem só o mercado de luxo, porém, passa por apertos.
As meninas da Vila Mimosa, zona de prostituição do Rio de Janeiro, enfrentam uma realidade ainda pior: sua clientela foi embora da cidade. Com isso, elas precisam buscar trabalho em outros lugares. A acompanhante de luxo paulistana Yasmin Bergamin resolveu rifar seus serviços pelo preço de R$ 30 por aposta. São cem números e o sorteio vai de acordo com os da loteria federal — ela ainda faz promoções de 2 números por R$ 50 e 3 por R$ 80. Dessa forma, o cliente leva um serviço que valeria R$ 3 mil por um centésimo do valor, e ela não perde um real com isso.
 A paulista tatuada Valentina Valente é crítica à atitude. Passando uma temporada no Rio, ela conta que começou no ramo já durante a crise, há um ano. Ela cobra R$ 400 por hora.
— Eu iniciei em um momento de crise, mas acho complicado isso das meninas fazerem rifas. Assim, elas não estão só desvalorizando o trabalho delas, mas também o de outras garotas. A desvalorização do trabalho nem sempre é uma escolha, mas sim uma condição. Uma influente personagem da Vila Mimosa conta que, desde que as crises política e financeira se instalaram no país, o negócio no local está caindo.
— O problema é que a Vila Mimosa depende de peão. Como as obras pararam, o local esvaziou e as garotas estão tendo problemas para achar programa — conta ela, que preferiu não se identificar. — Agora, elas estão no meio da pista, topando fazer trabalhos dentro do carro mesmo por R$ 20, R$ 30. Muitas garotas que conheci por aqui foram embora, viajaram para Belo Horizonte, para o mundo. O perfil da carioca Gabi está num site de classificados de acompanhantes. Ela trabalha há cinco anos no ramo e se queixa de que, quando começou, era muito mais fácil achar trabalho.
— Senti um pouco a crise, o movimento deu uma caída. O último mês foi muito difícil, cheguei a perder alguns clientes que eram fixos — explica. — Os valores sempre são negociados. Na contramão, Rafinha começou a fazer programa há seis meses, por falta de trabalho formal. Antes, ela era atendente de telemarketing. Agora, segundo ela, sua condição financeira melhorou. — Agora, eu cobro R$ 150 a hora e estou recebendo um retorno financeiro positivo.
Fonte:  Extra

segunda-feira, 10 de julho de 2017

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Monitoria Institucional Anual no PFF

O Projeto Força Feminina, Unidade Oblata em Salvador, recebeu a presença da Irmã Provincial Lúcia Alves em sua sede para a Monitoria Institucional Anual que avalia as ações desenvolvidas no primeiro semestre a fim de analisar os efeitos positivos e refletir melhorias para o segundo semestre.



Em dois dias de Monitoria, 28 e 29 de junho, a equipe do PFF participou de momentos de explanação de ações já realizadas no primeiro semestre. Aproveitando-se deste momento tão rico de aprendizados, refletiu não só o quantitativo dos seus números, mas o qualitativo também a fim de observar a repercussão de suas ações no público alvo e na sociedade.

A riqueza desse encontro iniciou-se com uma pergunta-meditação: O que te inspira a estar aqui todos os dias?”. Esse questionamento permitiu lembrar a todos a delicadeza e o diferencial do trabalho realizado pelo Instituto, o qual exige de quem o executa que esteja motivado e crente em sua escolha diária em estar disposto a fazer o melhor à mulheres que “nada têm” e que muitas vezes só tem esse local para procurar e receber alguma ajuda.

Os trabalhadores sociais se emocionaram com essa sensibilização inicial e deram suas respostas com base em suas experiências de vida e com base no trabalho realizado em prol do social. Foi interessante perceber que embora as respostas dadas tenham sido diferentes, elas eram consonantes.

Essa sensibilização demarcou a abertura dos trabalhos da manhã na qual foi realizada a primeira apresentação dos projetos desenvolvidos na Unidade. E dessa forma seguiram durante a tarde e o dia seguinte.


Cada trabalhador conduziu a exibição de um dos projetos realizados na Unidade e contou com as contribuições dos presentes para enriquecer e melhorar as informações explanadas.

A equipe do PFF durante esses dois dias de Monitoria foi agraciada com as contribuições da Irmã Provincial Lúcia Alves que trouxe melhorias e orientações lúcidas e seguras em alguns questionamentos levantados no instrumento. Constatou-se que esse foi um momento de enriquecimento profissional no qual a equipe felicitou-se em participar de uma monitoria com qualidade.


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Djamila Ribeiro: Relações interraciais e a solidão da mulher negra

“Pensar nos triunfos apesar dos problemas” Sheila Walker



Para empoderar e fortalecer a reflexão sobre as situações de vulnerabilidade social das mulheres, foi criado, o Dia da Mulher Afro-Latino Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. 
Para comemorar essa data o Núcleo de Gênero do Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade nacional do movimento negro, em parceria com a Sepromi – Secretaria de Promoção da Igualdade e a SPM-Secretaria de Politicas para Mulheres, recebeu em Salvador a antropóloga norte-americana Sheila S. Walker, diretora-executiva da Afrodiáspora, Inc., organização sem fins lucrativos que cria documentos e materiais didáticos sobre a Diáspora Africana Mundial. O evento ocorreu no Museu de Arte da Bahia (MAB), no Corredor da Vitória.

Sheila Walker apresentou seu trabalho “Imagens empoderadoras de mulheres negras: da pré-história à diáspora africana de hoje”, com projeção de imagens para mostrar como a mulher pré-histórica mudou a maneira de compreender as origens do ser humano na África e de mulheres negras que influenciaram a história e cultura humana.

O Projeto Força Feminina marcou presença neste momento de reflexão e busca por mais conhecimento. 



Estudo para a Rede Oblata 2017

Visando a preparação dos colaboradores do Projeto Força Feminina para o debate que será desenvolvido no mês de setembro (Encontro da Rede Oblata) em SP, ocorreu em 03 de julho, no turno matutino a Formação sobre o Livro “Interpelação ética das mulheres que exercem prostituição e são vítimas do tráfico com fins de exploração sexual”, da autora Maria Luísa Del Pozo - Livro do acervo das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor).

O livro reflete a teoria sobre prostituição e o vínculo com movimentos migratórios e tráfico de seres humanos com fins de exploração sexual; a Voz das mulheres e suas interpelações; a Interpretações a partir da perspectiva de:

- Direitos humanos;
- Direito das mulheres;
- Ética concreta.

 Além da tentativa de luz a partir da perspectiva da proposta de intervenção das Oblatas.

A facilitadora Virginia Machado (Assistente Social do Projeto Força Feminina) procurou explorar o livro de maneira lúdica com o propósito de facilitar o entendimento dos participantes. Para isto, utilizou-se de técnicas de dinâmicas de grupo, explanação, discussão e do vídeo sobre Tráfico de Pessoas do Programa Cenas do Brasil.






segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pitty - Desconstruindo Amélia

E o machismo se reinventa a cada dia! Fiquemos atentas! #BastaDeMachismo #BastaDeViolencia

Prática perigosa no sexo ganha mais e mais adeptos e coloca casal em risco: entenda

Retirar o preservativo do pênis sem que a parceira perceba: esta é a prática perigosa (e criminosa) que vem ganhando um número assustador de adeptos no Brasil e em outros países.
Nos Estados Unidos, recebeu o nome de stealthing, que significa dissimulação em inglês. O assunto, considerado uma nova forma de machismo e violência contra a mulher, rendeu um estudo, publicado na revista científica norte-americana Columbia Journal of Gender and Law.

Stealthing: por que é uma violência contra a mulher

Além do risco óbvio à saúde, com a exposição de ambos a possíveis doenças sexualmente transmissíveis, o método envolve danos psicológicos à vítima, como qualquer outra forma de abuso.
A principal autora do artigo norte-americano, Alexandra Brodsky, da Faculdade de Direito de Yale, estabeleceu bases legais para caracterizar a prática como agressão sexual e violência de gênero, já que causa danos físicos e emocionais às mulheres. Por isso, a autora aponta para a necessidade de uma legislação capaz de punir a prática.
Em seu estudo, ela entrevistou universitárias. Algumas relataram ter visto quando os parceiros sexuais tiraram o preservativo durante a relação, mas outras notavam o que havia acontecido apenas depois do ato sexual.
Muitas vítimas entrevistadas pela especialista não prestaram queixa por medo de retaliação e vergonha do julgamento.
Há ainda mais um fato alarmante dessa prática: existem fóruns online que incitam o stealthing. Anônimos relatam suas experiências e instruem maneiras de enganar as parceiras e furar ou tirar a camisinha sem que ela perceba.
A pesquisa de Alexandra aponta que os usuários justificam o crime como um "instinto e direito básico masculino": “É o direito de um homem gozar dentro de uma mulher” e “este direito nunca deve lhe ser negado” são alguns dos comentários deixados por eles.
Segundo a promotora de justiça Gabriela Manssur, do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID), o stealthing é, sim, uma violência sexual contra a mulher, uma vez que ela só consentiu com a relação por acreditar que o parceiro estava com o preservativo.
"Se ela soubesse que não estava protegida, ela não teria concordado em transar com o parceiro, por preocupações com doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada”, comenta.

É crime?

Enquanto nos EUA o stealthing ainda não se enquadra legalmente como estupro, em países da Europa, a prática começa a ser punida pela justiça. Na Suíça, um homem foi condenado por estupro depois de praticar stealthing.

No Brasil...

"Configura crime de gênero tudo o que coloca a mulher em uma situação de submissão, em que ela não pode exercer sua vontade e não tem autonomia para fazer escolhas”, define a promotora.
Tirar a camisinha sem o consentimento da parceria pode, segundo Manssur, configurar crimes de relação consensual mediante fraude, perigo de contágio venéreo, moléstia grave ou perigo para a vida ou saúde de outrem, que estão nos artigos 130, 131, 132 e 215 do código penal.
“Nunca peguei um caso desses. Mas acredito que seja por desinformação das próprias mulheres de que isso é um crime. Mas sei que ocorre, inclusive homens que se recusam a colocar camisinha”, aponta.
Caso punido judicialmente, a pena pode variar muito de acordo com o artigo aplicado. Para feminicídio, caso fosse transmitido o vírus HIV, por exemplo, é de 12 a 30 anos – com possibilidade de diminuição da pena.
Mas, por aqui, ainda não existe um consenso sobre o assunto, pois a vítima pode depender do juízo de valor do aplicador da justiça, o que pode deixá-la em situação vulnerável.

Caso aconteça com você

O melhor a fazer é seguir para uma Unidade Básica de Saúde (UBS), tomar o coquetel de DST — com pílula do dia seguinte e coquetel anti-HIV – e fazer exames para detectar outras doenças sexualmente transmissíveis.
Também é preciso seguir para uma delegacia da mulher e fazer um boletim de ocorrência para processar o autor dos fatos.
"Há muitas mulheres que, por medo, escolhem não fazer a denúncia. Mas é necessário que exames e medicamentos sejam tomados logo após a relação desprotegida. Qualquer situação sexual (consentida ou não) sem preservativo tem todo o atendimento necessário na rede pública", garante a promotora de justiça.