terça-feira, 19 de abril de 2016

Ressurreição no cotidiano da Vida da Mulher em situação de Prostituição.

Retomando a etimologia da palavra em latim resurrectio, em grego anastasis com o significado literalmente levantar, erguer. Em português é o ato de ressurgir, voltar à vida.
A Bíblia traz não somente a Ressurreição de Jesus, (Jo 20,1-9) mas também a de Lázaro (Jo 11,41-44), o filho da viúva de Naim( Lucas7,11-17), a filha de Jairo(Lc  8.41-42. 49 -55) esses são alguns textos que encontramos no segundo testamento( bíblia) que trazem a ressurreição como direito a começar de novo.
Lembro aqui que ressurreição não tem nada haver com vivificação de cadáver, aquele (a) que passa pela experiência da Ressurreição descobriu em si a alegria do que é ser semente. O mistério do grão de mostarda que ao ser lançada na terra precisa morrer para frutificar, semente que não morre não gera vida.
E aqui peço licença para citar parte de uma música que ao longo desses anos certamente ainda que não saibam diversas mulheres que tive a graça de acompanhar conhecer e escutar um pouco de suas histórias, carregam traços de ressurreição com garra vivem a luta ordinária de um começar e recomeçar de novo. Suas vidas se conectam nestes versos, relatam suas dores e a força em seguir lutando: “Tantas vezes me mataram/ Tantas vezes eu morri/ Mas agora estou aqui ressuscitando/ Agradeço meu destino e a essa mão com um punhal/ Porque me matou tão mal e eu segui cantando. Cantando ao sol Como uma cigarra/ Depois de um ano em baixo da terra/ Igual a um sobrevivente regressando da guerra. Mas depois de tanto pranto/Eu aos poucos percebi/Que o meu sonho não tem dono e segui cantando.”
E a canção continua: Tantas vezes te mataram, tantas ressuscitarás...
Ressuscitar para essas mulheres é o que acontece no cotidiano de suas vidas, no meio de tanto luto que a vida, a sociedade lhe faz carregar com o estguima de estar onde estar em ter que levar dinheiro para “casa” vendendo seus corpos se colocando a venda.
Morrem se aí no sepulcro dos que a mantém na invisibilidade, diante dos clientes violentos e abusivos, do marido (companheiro) que cobra para protege La, dos filhos que a exploram, dos familiares e vizinhos que vendem o teu silencio.
Vidas que cruzam com tantas vidas na busca de alguém anunciem também a elas que o tumulo está vazio. Como Serra e Antonia é preciso anunciar, convidar para a Páscoa celebrar, da semente que morre nasce uma vida.
Que complexo sistema social, temos mulheres sofridas, marcadas pelo abandono na suas diferentes esferas, seus sonhos foram roubados ainda na infância, as utopias se perderam pelo caminho, trajetória que a falta e o não lugar ainda hoje as acompanham, no entanto são mulheres que vivem


com alegria paralelamente a solidão levanta em meio à adversidade da prostituição, voltar à vida e se erguer é tão comum, repetiram isso por tantas outras vezes que poderíamos chama las de mulheres da Ressurreição.
Todavia a ressurreição só acontece de fato quando se tem noção do ocorrido, a experiência leva tempo, a semente antes de brotar tem que dormir embaixo da terra. A fecundidade demanda espera.
Não podemos esperar, temos pressa à cultura do imediato nos faz esquecer o processo que Antonia e Serra tinham com o pouco a pouco, ressurreição compartilhada, para mulheres fragmentadas.

A ressurreição se dará quando as trevas (dor e luto, exploração, alcoolismo, desumanização) forem dissipadas. A luz então resplenderá a experiência de que Ele vive por que ressuscitou e agora somos nascidos de novo poderá ser vivenciada com seus sonhos restaurados, seus direitos de mulher cidadã respeitada, a dignidade humana retomada uma nova historia sendo contada.

Ana Paula Assis

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