Ressurreição no cotidiano da Vida da Mulher em situação de Prostituição.
Retomando a etimologia da palavra em latim resurrectio, em grego anastasis com
o significado literalmente levantar, erguer. Em português é o ato de ressurgir,
voltar à vida.
A Bíblia traz não
somente a Ressurreição de Jesus, (Jo 20,1-9) mas também a de Lázaro (Jo
11,41-44), o filho da viúva de Naim( Lucas7,11-17), a filha de Jairo(Lc 8.41-42. 49 -55) esses são alguns textos que encontramos no segundo testamento(
bíblia) que trazem a ressurreição como direito a começar de novo.
Lembro aqui que ressurreição não tem nada haver com
vivificação de cadáver, aquele (a) que passa pela experiência da Ressurreição
descobriu em si a alegria do que é ser semente. O mistério do grão de mostarda
que ao ser lançada na terra precisa morrer para frutificar, semente que não
morre não gera vida.
E aqui peço licença para citar parte de uma
música que ao longo desses anos certamente ainda que não saibam diversas
mulheres que tive a graça de acompanhar conhecer e escutar um pouco de suas
histórias, carregam traços de ressurreição com garra vivem a luta ordinária de
um começar e recomeçar de novo. Suas vidas se conectam nestes versos, relatam
suas dores e a força em seguir lutando: “Tantas vezes me mataram/ Tantas vezes eu morri/ Mas agora estou aqui
ressuscitando/ Agradeço meu destino
e a essa mão com um punhal/ Porque me matou tão mal e eu segui cantando. Cantando
ao sol Como uma cigarra/ Depois de um ano em baixo da terra/ Igual a um sobrevivente regressando da guerra. Mas depois de tanto
pranto/Eu aos poucos percebi/Que o meu sonho não tem dono e segui cantando.”
E
a canção continua: Tantas vezes te mataram, tantas ressuscitarás...
Ressuscitar
para essas mulheres é o que acontece no cotidiano de suas vidas, no meio de
tanto luto que a vida, a sociedade lhe faz carregar com o estguima de estar
onde estar em ter que levar dinheiro para “casa” vendendo seus corpos se colocando
a venda.
Morrem
se aí no sepulcro dos que a mantém na invisibilidade, diante dos clientes
violentos e abusivos, do marido (companheiro) que cobra para protege La, dos
filhos que a exploram, dos familiares e vizinhos que vendem o teu silencio.
Vidas
que cruzam com tantas vidas na busca de alguém anunciem também a elas que o
tumulo está vazio. Como Serra e Antonia é preciso anunciar, convidar para a
Páscoa celebrar, da semente que morre nasce uma vida.
Que
complexo sistema social, temos mulheres sofridas, marcadas pelo abandono na
suas diferentes esferas, seus sonhos foram roubados ainda na infância, as
utopias se perderam pelo caminho, trajetória que a falta e o não lugar ainda
hoje as acompanham, no entanto são mulheres que vivem
com
alegria paralelamente a solidão levanta em meio à adversidade da prostituição,
voltar à vida e se erguer é tão comum, repetiram isso por tantas outras vezes
que poderíamos chama las de mulheres da Ressurreição.
Todavia
a ressurreição só acontece de fato quando se tem noção do ocorrido, a
experiência leva tempo, a semente antes de brotar tem que dormir embaixo da
terra. A fecundidade demanda espera.
Não
podemos esperar, temos pressa à cultura do imediato nos faz esquecer o processo
que Antonia e Serra tinham com o pouco a pouco, ressurreição compartilhada,
para mulheres fragmentadas.
A
ressurreição se dará quando as trevas (dor e luto, exploração, alcoolismo,
desumanização) forem dissipadas. A luz então resplenderá a experiência de que
Ele vive por que ressuscitou e agora somos nascidos de novo poderá ser
vivenciada com seus sonhos restaurados, seus direitos de mulher cidadã
respeitada, a dignidade humana retomada uma nova historia sendo contada.
Ana Paula Assis
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